quarta-feira, 16 de abril de 2014

TECNOLOGIA: NÚCLEO DE CIMENTAÇÃO DE POÇOS DE PETRÓLEO É REFERÊNCIA NACIONAL


Fotos: Anastácia Vaz
Há cerca de quatro anos o núcleo é responsável pelo controle de qualidade de todas as pastas de cimento que são enviadas para poços de petróleo das regiões Norte e Nordeste

 Por Júnior Marinho
Desde 2013, o antigo Laboratório de Cimentos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) passou a chamar-se Núcleo Tecnológico de Cimentação de Poços de Petróleo (NTCPP). A mudança, no entanto, não restringiu-se ao nome, mas ampliou também a missão acadêmica da unidade: atender a uma demanda científica, tecnológica e de recursos humanos do setor produtivo de óleo e gás do Brasil.
Fruto de uma coalizão entre os centros de Tecnologia (CT) e de Ciências Exatas e da Terra (CCET) da UFRN, juntamente com o Centro de Pesquisas da Petrobras (CENPES), o NTCPP é reconhecido nacionalmente por seu trabalho.

Localizada no Instituto de Química, a área de 675m² levou quatro anos para ser construída e foi elaborada com a atuação de técnicos da Petrobras que, assim como a Universidade, tinham interesse em implementar um estabelecimento de excelência em pesquisa na área de cimentação de poços de petróleo. O espaço possui o único laboratório desse porte no Brasil.

Segundo o pesquisador do NTCPP Antônio Eduardo Martinelli, uma das grandes dificuldades do mercado de óleo e Gás na atualidade é encontrar profissionais qualificados. “A Petrobras tinha interesse em desenvolver recursos humanos e tecnologia em parceria com a academia. Para isso disponibilizou sua experiência, que contribuiu para a implementação do Núcleo”, explica Martinelli.

A equipe de pesquisa é coordenada por quatro professores dos departamentos de Química, de Engenharia Química e de Engenharia de Materiais. A pluralidade de áreas torna o setor interdisciplinar, característica que o faz capaz de atender a diversas competências associadas à cimentação de poços, dando suporte aos cursos de Física, Química, Química do Petróleo e engenharias de Materiais, Química, Mecânica, Civil e do Petróleo.

Júlio Cezar de Freitas, pesquisador do Núcleo: “Os aditivos químicos se comportam de formas diferentes. Por isso a multidisciplinaridade de áreas, que promove um estudo constante para desenvolver a pasta adequada para cada projeto”
Há cerca de quatro anos o NTCPP é responsável pelo controle de qualidade de todas as pastas de cimento que são enviadas para poços de petróleo das regiões Norte e Nordeste. Além disso, a unidade também realiza controle de cimentos produzidos por fábricas para esse fim. O objetivo é melhorar a qualidade da cimentação dos poços de toda essa região.

Cimentação
O processo de cimentação realizado em um poço de petróleo tem o intuito de preencher o espaço anular entre o revestimento, a fim de dar aderência entre a parede externa do revestimento e a formação rochosa. A fixação da tubulação evita que haja migração de fluidos entre as diversas zonas atravessadas pelo poço, sendo fundamental para a segurança, além de isolar o poço para um futuro abandono.

O tipo de material utilizado para a cimentação deve ser criteriosamente escolhido e estudado, para que possa atender às necessidades de cada poço. O uso indevido de determinados tipos de cimento, quando submetidos à pressão e altas temperaturas, podem ocasionar o surgimento de trincas colocando em risco toda a operação.

“Cada poço uma pasta de cimento diferente, cada pasta uma formulação e aditivos”, diz Júlio Cezar de Freitas, pesquisador do Núcleo. “Nossa equipe tem que ter um conhecimento específico de cada aditivo para entender como ele se comporta.  São diferentes formações geológicas, profundidades e temperaturas diferentes” explica. “Os aditivos químicos se comportam de formas diferentes. Por isso a multidisciplinaridade de áreas, que promove um estudo constante para desenvolver a pasta adequada para cada projeto” completa Júlio Cezar.

O relacionamento com a Petrobras garante ao NTCPP vínculo estreito com o setor produtivo. A proximidade contribui para a transferência de tecnologia entre a academia e a indústria, o que permite que estudos sejam aproveitados por empresas da área, interessadas em desenvolver produtos para o mercado.
“Trabalhamos com termos de cooperação e patentes. Se uma empesa quer desenvolver um material novo, cuja a ideia saiu da Petrobras, por exemplo, nós desenvolvemos a ideia aqui no laboratório e a empresa produz” relata Antônio Martinelli. Essas parcerias qualificam tanto alunos quanto empresas para atuarem na área.

Recentemente o NTCPP capacitou dezenove engenheiros da Petrobras para atuar na área de cimentação de poços. Segundo os pesquisadores da unidade, a estatal tem interesse em implementar para seus profissionais, na Universidade Petrobras, um módulo do curso de formação desenvolvido pela UFRN. Além disso, a equipe do Núcleo deve ser convidada para dar suporte na construção de um laboratório de porte semelhante no Instituto Federal de Macaé, no Estado do Rio de Janeiro.

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